Ocupação BVPS Mulheres 2024 | “Rebeldes e marginais”, novo livro de Heloisa Teixeira

Na primeira atualização do dia, publicamos a apresentação e algumas fotos do mais recente livro de Heloisa Teixeira, Rebeldes e marginais: cultura nos anos de chumbo (1960-1970), lançado pela Bazar do Tempo. Nos 60 anos do golpe civil-militar, Heloisa compartilha sua análise sobre a produção cultural brasileira durante a ditadura, disponibilizando no livro quase 50 QR codes que levam para entrevistas e documentos audiovisuais de seu acervo pessoal, construído durante cinco décadas de pesquisa.

Na semana do 8M, a BVPS promove pelo segundo ano consecutivo a Ocupação Mulheres. Organizada pela editora Caroline Tresoldi, doutoranda em Sociologia no PPGSA/IFCS/UFRJ, neste ano de 2024 serão publicados cerca de 35 textos. São narrativas distintas: ensaios, relatos, cartas, conto, entrevista e resenhas, que abordam temas, reflexões e dados das mais diferentes ordens sobre mulheres.

Continue acompanhando as publicações da Ocupação BVPS Mulheres 2024. Para saber mais sobre a iniciativa deste ano, dedicada às mulheres e meninas palestinas, clique aqui.


Rebeldes e marginais: cultura nos anos de chumbo (1960-1970), novo livro de Heloisa Teixeira (ex- Buarque de Hollanda)

Apresentação

Durante um grande período, estudei a fundo nossa produção cultural sob a mão pesada da ditadura militar e da censura. E sobre as décadas de 1960 e 1970 escrevi minha tese de doutorado, quatro livros e inúmeros artigos examinando a cultura como resistência e afirmação da juventude rebelde. Para esses trabalhos, visitei arquivos, jornais e estive presente na maior parte dos festivais de músicas, shows, exposições, peças e filmes do período. Tudo isso resultou num acervo com textos, imagens, vídeos, áudios e documentos, além da minha memória pessoal, uma representante da geração dos anos 1960.

Agora, na casa dos oitenta anos, me veio um desejo forte de compartilhar essas fontes, algumas bem raras, e abrir minhas gavetas para todos os que se interessam por essa época mágica quando a cultura tomou as rédeas e enfrentou estruturas, ditaduras e soube sonhar novos futuros. Peças desse acervo estão acessíveis em formato de QR code, no fim deste livro. Além de um conjunto de textos que escrevi sobre o período, realizei entrevistas em vídeo, registrando um olhar atual de protagonistas do que, afinal, aconteceu naqueles incríveis anos 1960 e 1970.

A primeira parte, “Rebeldes”, é um desdobramento, uma versão bastante ampliada do livro Cultura e participação nos anos 60 (1982), que escrevi com Marcos Augusto Gonçalves para a coleção Tudo É História. O texto original carrega todas as vantagens e desvantagens de ter sido escrito no calor da hora, alimentado pelo espírito e pelas paixões de uma época, com todas as simplificações e os subtextos que a paixão provoca.

A segunda parte, intitulada “Marginais”, percorreu o mesmo caminho de leitura expandida de trabalhos como Impressões de viagem (1980) e Política como literatura: a ficção da realidade brasileira (1979), também em coautoria com Marcos Augusto Gonçalves, além de diversas antologias, artigos e conferências que fiz no período.

Ao compartilhar esses textos, materiais e perspectivas, sinto como se estivesse dividindo também uma grande parte da minha vida, que se mistura às experiências e pesquisas em torno desse tempo de medos e sonhos.

Heloisa Teixeira

Rio de Janeiro, 2024

Retrato de Heloisa Teixeira, 1967. (p. 10)
José Celso Martinez Corrêa e Heloisa Teixeira, 1969. (p. 88).
Mulher passando na escadaria do Theatro Municipal cercado de policiais durante a Passeata dos Cem Mil, Rio de Janeiro, 1968. Foto de Evandro Teixeira. (p. 106-107)
Helena Ignez em A família do barulho, de Júlio Bressane, 1970. Foto de capa do livro Rebeldes e Marginais

A imagem que abre o post é da artista plástica Lena Bergstein.


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