A questão racial e a sociologia de Florestan Fernandes, por Elide Rugai Bastos

Na segunda atualização do dia, publicamos texto da socióloga Elide Rugai Bastos (Unicamp) sobre a questão racial e a sociologia de Florestan Fernandes. A autora mostra como A integração do negro na sociedade de classes marca um novo momento da discussão sociológica sobre a questão racial no Brasil, central para compreender a “questão nacional”. O texto foi originalmente publicado em 1987 no livro O saber militante: ensaios sobre Florestan Fernandes, organizado por Maria Angela D’Incao.

Há sessenta anos, poucos dias após o golpe militar, Florestan Fernandes defendia sua tese para o concurso da Cadeira de Sociologia I da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. A integração do negro na sociedade de classes é um extenso estudo sobre a formação e consolidação do regime de classes no Brasil do ângulo das relações raciais, cujos resultados são decisivos para entender os dilemas materiais e morais não só da democratização das relações raciais, mas da própria sorte da democracia no Brasil.

Agradecemos ao colega Lucas Carvalho, membro de nosso conselho editorial, pela lembrança da efeméride. Para conferir o primeiro post sobre A integração, clique aqui.

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Racismo e limites à democracia em “A integração do negro na sociedade de classes”, por Mário A. Medeiros da Silva & Antonio Brasil Jr.

Teremos hoje na BVPS um dia de postagens com textos de 3 dos maiores especialistas, de duas gerações de sociólogos, em Florestan Fernandes e na chamada escola paulista de sociologia. Publicamos agora o prefácio da edição mais recente de A integração do negro na sociedade de classes, assinado pelos sociólogos Mário A. Medeiros da Silva (Unicamp) e Antonio Brasil Jr. (UFRJ).

Em 10 de abril de 1964, pouco após o golpe que deu início à ditadura civil-militar brasileira, Florestan Fernandes assina a “Nota explicativa” de sua tese de cátedra na Universidade de São Paulo, dedicada ao “estudo de como o Povo emerge na história”. No argumento de Florestan, a questão racial era o dilema decisivo a ser enfrentado ativamente pela sociedade brasileira e teria relação com a própria sorte da democracia no país. Sessenta anos depois, podemos voltar ao livro clássico de Florestan e questionar: como o povo está na história do presente?.

Agradecemos ao colega Lucas Carvalho, membro de nosso conselho editorial, pela lembrança da efeméride.

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A canção de Diadorim, por Silviano Santiago

Jão é autêntico? A ascensão do astro dos dias que correm recoloca a questão perene no mundo pop. Jão mudou seus shows e se estiliza em performer, sai do nicho e ganha os grandes palcos, como The Town e Rock In Rio Lisboa. A vida do astro pop continua ligando seu corpo ao seu público cada vez mais amplo: no Google umas das perguntas principais sobre ele é “Jão é gay ou hetero”? Jão joga. O corpo de Jão sai em busca de gênero. Corpo, sexo, dobradiça. O jogo performático do astro nascente é tema do texto inédito de Silviano Santiago que publicamos hoje, no qual analisa a dialética aberta entre clipe e show na performance de Jão. O olhar aguçado do crítico e escritor experimentado na reflexão sobre original e cópia e repetição como diferença se volta para a espécie de montagem da persona pública do compositor e cantor, e de suas muitas citações que jogam com os horizontes mais ou menos politizados e domesticados da cultura pop.

Não à toa, parece-nos, este novo texto marca o cinquentenário do texto de Silviano sobre Caetano Veloso “enquanto superastro”. “Caetano Veloso ou os 365 dias de carnaval” foi publicado originalmente no Jornal do Brasil, Cadernos de Jornalismo e Comunicação, de jan.-fev. de 1973. Depois recolhido em Uma literatura nos trópicos, de 1978, o ensaio abriu para a crítica literária e cultural não apenas o universo pop, então estigmatizado entre a intelectualidade dentro e fora das universidades, como trouxe à tona o corpo do artista como dispositivo para sua identificação como superastro.

O texto-perfomance de Silviano atualiza a ambiguidade da cultura brasileira encarnada em Diadorim e problematiza o jogador Jão. Estará a bola da vez com Jão? Silviano marca em cima, novamente. Corpo-a-corpo. Lacan autor de “A canção de Diadorim”: o corpo de Jão diz o sexo sob a forma de dobradiça.

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Eros e deseducação: puxando conversa com Eliane Robert Moraes

Atendendo à remissão malandra de Eliane Robert Moraes na entrevista publicada ontem, passamos a palavra a André Botelho para um texto que experimenta o diálogo com a Seleta erótica de Mário de Andrade a partir de seu recém-publicado O modernismo como movimento cultural (Vozes, 2022, em coautoria com Maurício Hoelz). O texto, apresentado na rodada paulista do seminário Mário Eros de Andrade, faz parte de um díptico que conta ainda com a contribuição de Maurício Hoelz para a rodada carioca do mesmo seminário, no próximo dia 20, que publicaremos nos próximos dias.

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Modernismo movimento cultural: uma conversa | Parte 3

O blog da BVPS encerra hoje uma série de três publicações sobre o livro O modernismo como movimento cultural. Mário de Andrade, um aprendizado, de André Botelho (UFRJ e presidente da Anpocs) e Maurício Hoelz (UFRRJ), que está sendo lançado este mês pela Editora Vozes. Resultado de mais de uma década de pesquisas dos autores, na obra as relações entre modernismo e democracia são revistas. Mário de Andrade emerge como um autor muito mais complexo, que fez parte do seu tempo, mas também lutou contra ele, contra a sociedade desigual, elitista e eurocêntrica que persiste ainda hoje no Brasil. Para ler o resumo e o sumário do livro, basta clicar aqui.

Nesse finale, trazemos um ensaio visual da artista Joana Lavôr, que assina a arte da capa do livro. As imagens são acompanhadas de um pequeno texto de reflexão sobre a técnica, as escolhas e a poética que moveram o seu trabalho, em diálogo com as questões e a atuação do próprio Mário de Andrade. Se ainda não tiver visto, não deixe de conferir os outros posts da conversa: o primeiro, publicado segunda-feira, apresentou o posfácio escrito por Andre Bittencourt (UFRJ e editor do blog da BVPS), e pode ser lido aqui. O segundo, publicado quarta-feira, é uma resenha assinada por Carmen Felgueiras, professora de sociologia da UFF, que destaca o uso da noção de “movimento cultural” na obra, além de colocá-la em diálogo com outras leituras sobre Mário de Andrade e o modernismo.

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Modernismo movimento cultural: uma conversa | Parte 2

O blog da BVPS dá continuidade hoje a uma série de três publicações sobre o livro O modernismo como movimento cultural. Mário de Andrade, um aprendizado, de André Botelho (UFRJ e presidente da Anpocs) e Maurício Hoelz (UFRRJ), que está sendo lançado este mês pela Editora Vozes. Resultado de mais de uma década de pesquisas dos autores, na obra as relações entre modernismo e democracia são revistas. Mário de Andrade emerge como um autor muito mais complexo, que fez parte do seu tempo, mas também lutou contra ele, contra a sociedade desigual, elitista e eurocêntrica que persiste ainda hoje no Brasil. Para ler o resumo e o sumário do livro, basta clicar aqui.

Hoje trazemos uma resenha assinada por Carmen Felgueiras, professora de sociologia da UFF, que destaca o uso da noção de “movimento cultural” na obra, além de colocá-la em diálogo com outras leituras sobre Mário de Andrade e o modernismo. Na sexta-feira publicaremos um ensaio visual da artista Joana Lavôr, que assina a arte da capa do livro e também a imagem que abre este post. A primeira postagem da conversa, publicada segunda-feira, apresentou o posfácio escrito por Andre Bittencourt (UFRJ e editor do blog da BVPS), que pode ser conferido aqui.

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Modernismo movimento cultural: uma conversa | Parte 1

O blog da BVPS dá início hoje a uma série de três publicações sobre o livro O modernismo como movimento cultural. Mário de Andrade, um aprendizado, de André Botelho (UFRJ e presidente da Anpocs) e Maurício Hoelz (UFRRJ), que está sendo lançado este mês pela Editora Vozes. Resultado de mais de uma década de pesquisas dos autores, na obra as relações entre modernismo e democracia são revistas. Mário de Andrade emerge como um autor muito mais complexo, que fez parte do seu tempo, mas também lutou contra ele, contra a sociedade desigual, elitista e eurocêntrica que persiste ainda hoje no Brasil. Para ler o resumo e o sumário do livro, basta clicar aqui.

Para o pontapé inicial da nossa conversa sobre o livro, publicamos hoje o posfácio da obra, escrito por Andre Bittencourt (UFRJ e editor do blog da BVPS). Na quarta-feira traremos uma resenha escrita por Carmen Felgueiras (UFF) e na sexta-feira um ensaio visual da artista Joana Lavôr, autora também da arte da capa que está na abertura deste post.

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Dossiê | “A queda do aventureiro”, de Pedro Meira Monteiro

O Blog da BVPS traz hoje um dossiê sobre o livro A queda do aventureiro: aventura, cordialidade e os novos tempos em “Raízes do Brasil”, de Pedro Meira Monteiro, que teve sua segunda edição publicada em 2021 (Editora Relicário). O livro, revisto e ampliado mais de vinte anos depois de sua primeira edição, recoloca o problema fundamental das possibilidades democráticas da sociedade brasileira – questão que assombrava Sérgio Buarque de Holanda nos anos de 1930 e que também nos é inescapável em 2022.

Convidamos dois especialistas na obra de Sérgio Buarque de Holanda para que respondessem quatro perguntas sobre o livro formuladas por Mariana Chaguri, professora do Departamento de Sociologia da Unicamp. Abaixo seguem as respostas de Sérgio da Mata, professor do Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto, e Andre Jobim Martins, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao final, publicamos também um trecho selecionado do prefácio escrito por Mariana Chaguri para a nova edição de A queda do aventureiro.

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Um ateliê de si. Notas preliminares sobre os diários de Raymundo, Porto Alegre (1943 a 1946), por Paulo Augusto Franco

No post de hoje, o Blog da BVPS publica texto do antropólogo Paulo Augusto Franco de Alcântara sobre os diários de Raymundo Faoro (1925-2003). Ao longo do ensaio realizamos um passeio pela escrita, pelas leituras e pelas inquietações que povoavam o ainda jovem autor. Essas questões são analisadas em diálogo com teorias sobre os diversos gêneros da escrita de si, procurando alinhavar tanto a particularidade dos diários de Raymundo Faoro quanto as condições histórico-culturais às quais o autor e seus escritos se ligavam.

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Uma genealogia da generosidade, por Diana Klinger

O Blog da BVPS retorna em 2021 com uma resenha inédita do livro Fisiologia da composição, de Silviano Santiago (Cepe, 2020). No texto, Diana Klinger, professora de Teoria Literária da Universidade Federal Fluminense (UFF), nos apresenta algumas das linhas gerais do que chama de “concerto-ensaístico” de Silviano Santiago, ressaltando, em diálogo com outras abordagens clássicas sobre a composição literária, a importância conferida ao corpo na relação homológica entre grafia-de-vida e composição da obra. A autora também se preocupa em trazer para a resenha outros trabalhos do próprio Silviano – tanto críticos quanto ficcionais – em que as proposições apresentadas em Fisiologia da composição comparecem.

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Especial | Centenário de L. A. Costa Pinto (parte 3), por Jacob Carlos Lima

O Blog da BVPS publica o terceiro post do dossiê especial em homenagem ao centenário do sociólogo Luiz de Aguiar Costa Pinto, organizado por Glaucia Villas Bôas. Hoje, Jacob Carlos Lima, professor titular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) recupera o livro Recôncavo: laboratório de uma experiência humana, publicado em 1958, para discutir a atualidade da sociologia feita por Costa Pinto e, mais particularmente, suas possíveis interpelações contemporâneas para a sociologia do trabalho.

Para ler o primeiro post do dossiê, com textos de Glaucia Villas Bôas (UFRJ) e Patrícia Olsen de Souza (IFSP) basta clicar aqui. O segundo post, com texto de Antonio Brasil Jr (UFRJ), pode ser lido aqui.

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