LANÇAMENTO DO LIVRO “CULTURA E PODER ENTRE O IMPÉRIO E A REPÚBLICA – ESTUDOS SOBRE OS IMAGINÁRIOS BRASILEIROS (1822-1930)”, POR ANA BEATRIZ DEMARCHI BAREL E WILMA PERES COSTA (ORGS.)

O Blog da BVPS convida para o lançamento do livro “Cultura e Poder entre o Império e a República – estudos sobre os imaginários brasileiros (1822-1930)” (SP, Ed. Alameda, 2018), organizado por Ana Beatriz Demarchi Barel (UEG) e Wilma Peres Costa (UNIFESP).

Abaixo disponibilizamos a apresentação e o sumário do livro.

Apresentação do livro

A fala dessa sessão trata da apresentação da coletânea “Cultura e Poder entre o Império e a República – estudos sobre os imaginários brasileiros (1822-1930)”, SP, Ed. Alameda, 2018 e estará a cargo de suas organizadoras.

 Para além da questão sempre polêmica de sua duração, o século XIX nos interroga hoje pela intensidade das transformações que atravessaram a experiência humana no Velho e no Novo Mundo nesse período, transformações que reconfiguraram as relações próprias do Antigo Regime em um complexo sistema de hierarquias reiteradas e de identidades compartilhadas. No Brasil, como em outras nações do continente, o desafio incontornável da definição de uma identidade própria, cristalizado nas múltiplas manifestações artísticas desse tempo, era assim, articulado a seu par dialógico – a necessidade de se mirar através dos olhos dos cânones que emanavam das matrizes civilizatórias europeias.

Para responder a essas urgências os homens de letras tiveram que manejar as ferramentas intelectuais que lhes eram próprias ao mesmo tempo em que se ressignificava também o lugar dos objetos visuais. Se a primeira metade do século foi marcada pela propagação da cultura escrita por sobre as artes visuais, na segunda metade o desenvolvimento da fotografia imprimirá um novo vigor à produção e à circulação de imagens, ligando-se reversivamente os dois movimentos à formação de um público que a consumia palavras e imagens em quantidades crescentes e em suportes diversos, sobretudo na forma impressa.

O recorte temporal eleito (c. 1822 e c. 1930) recobre aquele da formação ainda lenta de uma “república das letras” e de um público de leitores e de consumidores das artes, bem como os efeitos de um significativo surto de urbanização. Desenha-se um movimento que se distancia de um universo letrado fortemente imantado pela Coroa, representado sobretudo em instituições como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em direção à novas iniciativas que darão ensejo à emergência de um mercado para as letras e para as artes e também para a mudança na composição social das classes letradas.  Os artigos que compõem o livro tiveram sua primeira apresentação em um encontro fecundo e caloroso, realizado na Fundação Casa de Rui Barbosa em 2014 e são devedores do seu ambiente acadêmico acolhedor, a quem agradecemos, mais uma vez nessa oportunidade, assim como aos colegas Antônio Herculano e Marcos Veneu, interlocutores generosos e gentis.

ANA BEATRIZ DEMARCHI BAREL Professora de Literaturas de Língua Portuguesa e Teoria Literária da Universidade Estadual de Goiás. Doutorada em Letras pela Université de Paris III Sorbonne Nouvelle. Realizou Pós-Doutorado na Fundação Casa de Rui Barbosa e no Instituto de Estudos Brasileiros – IEB da USP. Estágio Recém-Doutor em Literatura Brasileira na FFLCH – USP, Residência em Pesquisa na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (USP). É autora de Um Romantismo a Oeste: Modelo Francês, Identidade Nacional (Annablume/FAPESP, 2002), organizadora da edição fac-símile da Revista Nitheroy (MinervaCoimbra, 2006), entre outros trabalhos. Desenvolve pesquisas na área de História Literária, Literatura Brasileira e Literatura Comparada. Atualmente, pesquisa as relações entre relatos de viagens e iconografia, sobretudo do século XIX.

WILMA PERES COSTA Historiadora, professora de História do Brasil Império na Universidade Federal de São Paulo. Doutorada em Sociologia pela USP, realizou estudos pós-graduados no University College London e o pós-doutorado na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS, Paris). É autora de A Espada de Dâmocles, o Exército, a Guerra do Paraguai e a crise do Império (HUCITEC, 1996) e Soberania e Conflito – configurações do estado nacional no Brasil do século XIX (com Cecília Helena de Salles Oliveira e Vera Bittencourt -SP, Hucitec, 2010). Desenvolve pesquisas nas áreas de Sociologia Histórica, do Pensamento Social Brasileiro e da Historiografia. Atualmente pesquisa as relações entre narrativa de guerra e escrita da história, e a construção da memória da família Taunay, ao longo de quatro gerações.

Sumário do livro

Conferência: Espaço publico, homens de letras e revolução da leitura
Roger Chartier

Parte I

O relato de viagens como objeto de autorreflexão historiográfica de alemães entre os séculos XVIII e XIX
Luiz Montez

História e Poder: as experiências do passado, o domínio do presente e as possibilidades futuras do Estado imperial (1838-1850)
Lucia Maria Paschoal Guimarães

A Revista do IHGB e a construção do cânone literário do Império do Brasil
Ana Beatriz Demarchi Barel 

As ideias sobre a música no mecenato imperial
Avelino Romero Pereira

Taunay, Taunays: territórios, imaginários e escrita da nação
Wilma Peres Costa

Joaquim Nabuco, historiador e homem de letras: confluência das práticas culturais no IHGB e na ABL
Ricardo Souza de Carvalho

Parte II

O Estado e a Memória da Sociedade
Carlos Lemos

Representações da economia cafeeira: dos barões aos “reis do café”.
Ana Luiza Martins

Os inícios da Galeria de Retratos da Faculdade de Direito de São Paulo em meados do século XIX
Heloisa Barbuy

De Berlim às capitais do Império: a experiência fotográfica em Alberto Henschel.
Cláudia Beatriz Heynemann

O caso do pintor Estevão Silva e a crise da Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro no final do século XIX
Letícia Squeff