
2022 se anuncia. E com ele muitos e cruciais desafios abertos à sociedade brasileira. Duas efemérides prometem atrair a atenção de especialistas e também do debate público: o bicentenário da Independência política do Brasil e o centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo, marco simbólico mais consagrado do modernismo. Há muitas relações que se podem estabelecer entre Independência e modernismo, mas quaisquer que sejam elas, sua rememoração será também um momento de reflexão crítica sobre a democracia e a liberdade no Brasil, ainda mais num ano eleitoral como 2022.
Com o intuito de contribuir para o debate multidisciplinar e público qualificado em torno desses temas nos juntamos, o Blog da Biblioteca Virtual do Pensamento Social, o GT de Pensamento Social no Brasil da Anpocs e o Suplemento Pernambuco para realizar o simpósio “22: Projetos para o Brasil”. Enviamos 4 perguntas propondo relações sobre os temas centrais do ano que vem a profissionais de diferentes áreas, regiões do país e instituições. As 28 respostas recebidas – de um conjunto maior de convites realizados – serão publicadas em 4 grupos durante esta semana, de terça até sexta-feira. Em conjunto, elas formam um panorama bastante representativo e instigante, com convergências e divergências, que nos ajudará a compor, coletivamente, uma agenda de debates mais consistente em 2022.
Ao tomar esses dois “eventos” do nosso futuro passado como dispositivos de processos históricos mais amplos e persistentes que se espiralam até o presente, mas nele se codificam, propomos um simpósio que se realizasse enquanto um exercício de anacronismo controlado sobre seus legados, evocando o tempo não como dado natural, mas como construção cultural que, em cada momento histórico, implica um modo específico de relacionamento entre o já conhecido e experimentado como passado e as possibilidades que se lançam ao futuro como horizonte de expectativas. A própria ideia de “projetos para o Brasil”, tão cara à área do pensamento social, está em jogo: não a pensemos mais, necessariamente, como um recurso homogeneizador ou domesticador das diferenças e o Brasil, como uma totalidade autocentrada ou fechada. Temos que avançar, antes, na construção dialógica, plural e inclusiva – numa política de reconhecimento que ajude a ligar um “eu” a um “outro”. Enfim, projetos para o Brasil como um espaço comunicacional democrático.
Agradecemos e saudamos as/os colegas respondentes por sua colaboração, assim como aqueles que estiveram conosco nessa força-tarefa durantes os últimos meses e tornam essa realização possível: Lucas Carvalho, Lucas van Hombeeck e Caroline Tresoldi. Em especial agradecemos a André Botelho por todo apoio ao projeto. E convidamos leitoras e leitores para acompanharem as postagens com as respostas no Blog da BVPS e também a partir das redes sociais parceiras. Que venha 2022!
Andre Bittencourt (Blog da BVPS)
Maurício Hoelz (GT de Pensamento Social da Anpocs)
Schneider Carpeggiani (Suplemento Pernambuco)