Não é possível fazer um texto de encerramento e retrospectiva do ano de 2020 sem mencionar, de um lado, os enormes desafios que ele impôs e, de outro, a maneira como este blog e a comunidade editorial e científica como um todo interpretaram e lidaram com esse processo. Enquanto escrevemos esta despedida, o Brasil se aproxima do patamar de duzentos mil mortos pela pandemia do novo coronavírus e o mundo chega quase aos dois milhões, segundo os dados oficiais. Mais do que a intervenção fundamental numa conjuntura específica, toda a comunicação pública da ciência se deparou com questões de longa duração de forma radicalizada. Se a condição do isolamento forçou a criação de soluções digitais para evitar as aglomerações dos encontros e ambientes de debate acadêmico, essas inovações permitiram também que o conteúdo produzido nesses meios transitasse pelas redes se tornando, em alguma medida, mais acessível. Os seminários e congressos transmitidos de modo aberto pela internet são um exemplo desse fenômeno. A face digital do projeto minas mundo, de que este blog faz parte, também.
Logo nos primeiros dias de abril começamos, em parceria com a revista Sociologia & Antropologia, uma série de posts sobre a pandemia na coluna Pandemia, Cultura e Sociedade. Nela publicamos mais de 30 ensaios inéditos (além de poemas) de sociólogos, antropólogos, cientistas políticos, filósofos e críticos literários. Em colaboração com a S&A e a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) também criamos o simpósio Mundo Social e Pandemia, que contou com as respostas de sociólogos/as do mundo inteiro para 4 questões formuladas com o intuito de indagar as diferentes dimensões sociais da pandemia e os desafios que ela representa para a sociologia. Ao todo, ao longo dos 14 posts do simpósio, trouxemos as participações inéditas de 69 sociólogos/as pertencentes a instituições de pesquisa de 18 países e 5 continentes.
Além dos nossos esforços em pensar o blog como espaço de comunicação científica para refletir sobre uma das questões mais dramáticas do nosso tempo, em 2020 também tivemos a oportunidade de publicar uma série de posts de análise e celebração de cientistas sociais e intérpretes do Brasil. Lembramos, através de artigos de especialistas, dos centenários de Florestan Fernandes, Celso Furtado e Luiz de Aguiar Costa Pinto, este último contemplando um especial que contou com 4 ensaios inéditos. Homenageamos ainda personagens importantes da cultura e das ciências sociais que nos deixaram, como Aldir Blanc, Abraham Palatnik e Jether Pereira Ramalho. Também fizemos simpósios sobre os livros Crítica e resignação, de Gabriel Cohn, e Glossário de Derrida, organizado por Silviano Santiago. Deste último tivemos a alegria de poder publicar um ensaio inédito em português. Aproveitamos para agradecer a artista Lena Bergstein, que gentilmente nos cedeu a imagem que abre este post, intitulada “Na Iminência”, além de já ter contribuído com suas criações no especial sobre o Glossário de Derrida. Seguimos com nossas colunas sobre música, arte, poéticas e política, além dos textos do fluxo contínuo do blog.
Chegamos ao final de 2020 com 105 posts e mais de 87.000 visitas em nosso site, além de inúmeros planos e projetos para o novo ano que começará. Já em janeiro publicaremos um simpósio especial sobre Os aprendizes do poder, de Sérgio Adorno, e em breve estrearemos uma coluna do projeto minas mundo! Para seguir nossas atualizações, continuem acompanhando o blog no Instagram e no Facebook. Se quiser contribuir para o blog, acesse as normas para submissão de textos.
Por todo esse diálogo, materializado nas leituras, compartilhamentos, trocas e conversas ocorridas desde janeiro, gostaríamos de agradecer a nossos/as leitores/as/ e colaboradores/as e desejar um 2021 cheio de saúde e de abertura para o encontro. Que possamos seguir fortalecendo e expandindo a rede de comunicação de que este blog, fundado em 2017 e que chega ao novo ano tão fortalecido, faz parte.
Um abraço,
Andre Bittencourt e Equipe BVPS
B V P S 