Série Nordeste | Nordeste autopoiesis, por André Botelho

Blog da BVPS dá início hoje à Série Nordeste: um novo experimento de interação reflexiva entre escrita, comunicação pública e curso universitário coordenado por André Botelho (UFRJ). No centro do experimento está a disciplina Sociologia III (Sociologia brasileira) do Bacharelado em Ciências Sociais do IFCS/UFRJ que, neste semestre, discutirá uma sociologia política do Nordeste. Questões como interpretações do Nordeste, região e nação e o aprendizado social da democracia serão simultaneamente objeto das aulas e das postagens aqui no Blog da BVPS.

Nesta primeira publicação, Botelho apresenta sua proposta escrevendo sobre Nordeste autopoiesis, o experimento de monitoramento auto-reflexivo da disciplina e de sua abertura à comunicação pública. A série será composta ainda de posts de outros colaboradores em diálogo com os problemas formulados nesta abertura, conforme adiantado no texto abaixo.


Boa leitura e acompanhem nossas postagens!

Nordeste autopoiesis

Por André Botelho (UFRJ) 

Interpretações do Nordeste

O Nordeste é uma das matrizes do Brasil. Também no pensamento social brasileiro. Há nele um repertório rico, diversificado e potente de interpretações, históricas e contemporâneas, que se debruçaram sobre a formação social da região, discutindo seu papel e suas relações com a formação da sociedade brasileira como um todo. Há ainda uma notável riqueza de linguagens e dispositivos em que essas interpretações se realizaram e se realizam no quadro nacional: romances, poesia, ensaios, artes plásticas, cinema, ciências sociais etc.

Em “As sociedades aprendem, mas o mundo é difícil de mudar”, Klaus Eder (2001) traça os contornos de uma sociologia do aprendizado social muito instigante que permite valorizar os processos reflexivos por meio dos quais a ação ganha significado no curso das interações. Na sua proposta, o processo de significação das ações coletivas envolve sempre um fundamento narrativo da ordem social. O mesmo tipo de preocupação vem orientando nosso grupo de pesquisa, o Núcleo de Estudos Comparados e Pensamento Social (NEPS) sediado nas universidades UFRJ, UFF e UFRRJ. Há pelo menos duas décadas, nossas pesquisas do pensamento e teoria social estão voltadas para a compreensão da relevância do conhecimento social para a sociedade. Ou, mais especificamente, para como as ações sociais são afetadas pelo constante reexame a que estão submetidas a partir das informações produzidas sobre elas. Estamos interessados em discutir a dimensão semântica do fazer-se da sociedade.

Neste semestre, com a disciplina Sociologia III (Sociologia brasileira) propomos uma nova frente de discussão sobre o Nordeste e o aprendizado social da democracia – que, talvez, possa vir a se constituir numa frente de pesquisa mais ampla. De todo modo, buscamos ainda assim aperfeiçoar o campo da discussão sobre a dinâmica reflexiva que articula as interpretações do Brasil, e, agora, as interpretações do Nordeste, o aprendizado e a mudança social e política. Trata-se de qualificar o caráter reflexivo das interpretações do Nordeste, entendendo-as como forças sociais. Por exemplo, que papéis elas desempenham nos processos de percepção e inteligibilidade de certos elementos da vida social que se apresentam como problemáticos e, desse modo, resultam em conflitos e negociações que estão na base da cidadania?

O suposto básico é que, se a cultura é constitutiva, e não mero reflexo, das estruturas sociais, será da maior relevância avançar no estudo dessa dinâmica reflexiva. Isso não quer dizer que a cultura tem precedência empírica ou teórica na explicação dos processos histórico-sociais. A cultura não apenas reflete uma dada condição estrutural; ela é uma instância de criação de interesses ou identidades que agem dinamicamente em interação com as dimensões políticas ou econômicas. Nossa hipótese principal é que como forças sociais, as interpretações do Brasil interagem nos processos de mudança social, mobilizando e transformando repertórios ou gramáticas intelectuais e políticas.

Propomos, então, compor um repertório básico em termos de sociologia política, representativo não apenas de posições sobre o campo problemático a ser construído, mas também das linguagens envolvidas nesse jogo semântico: ensaios, literatura de ficção, filmes e, sobretudo, as ciências sociais serão mobilizadas e recomendadas. A metodologia já foi testada, alcançando resultados significativos, no meu livro O retorno da sociedade. Política e interpretações do Brasil (2019), no qual a ideia de “sequências” forjada permitiu a construção de um espaço dinâmico de embates entre “temporalidades”, “linguagens” e “verdades” sobre as interpretações do Brasil. Agora, voltando-nos para as interpretações do Nordeste, cabe investigar quais são os repertórios do aprendizado social da cidadania e da democracia codificados nos “textos” sobre a região. Por exemplo, de Os sertões (1902) a São Bernardo (1934), passando por Gilberto Freyre e Josué de Castro ou Celso Furtado. Pois, também essas interpretações constituem a seu modo espécies de códigos simbólicos potentes que ultrapassam o mero registro factual sobre a formação histórica e/ou social da região e do país e tornam-se parte das relações sociais que visam interpretar, modelando tanto a compreensão dos especialistas quanto o autorreconhecimento social em geral.

Conflito e aprendizado social

No segundo semestre de 2019, me juntando aos colegas do Centro Celso Furtado, preparava um seminário que buscava pensar o Nordeste no contexto do centenário desse grande brasileiro. “Furtado Nordeste: 100 anos de Celso Furtado e interpretações do Nordeste” estava previsto para ocorrer em 2020 em seis instituições e capitais de estados diferentes: na UFRJ, no Rio de Janeiro; no IEB/USP, em São Paulo; na PUC-RS, em Porto Alegre; na UFPB, em João Pessoa; na UFPE, em Recife; e na UFAM, em Manaus. Infelizmente a emergência sanitária da pandemia do COVID-19 atrapalhou imensamente nossos planos e acabamos optando por não realizar o seminário no modo virtual, como seria então possível. Naquele momento, meu interesse, compartilhado com colegas das instituições parceiras, tinha a ver com algumas coisas: com a intepretação de Celso Frutado sobre o Nordeste e o modo como ele atuou a favor do desenvolvimento da região, pensando especialmente na SUDENE; com o próprio contexto em que comemorávamos o centenário de Furtado, marcado por ataques diretos do então presidente da República e a mobilização de estigmas socialmente enraizados contra o Nordeste e os nordestinos; e, sobretudo, com um fato novo, que desde o início me chamou muito a atenção: a criação do Consórcio Nordeste. 

Os ataques e os estigmas sistematicamente mobilizados contra o Nordeste indicam conflitos políticos de longa duração no arranjo federativo do Brasil, divisões entre as regiões e a própria reorganização de blocos regionais. A criação do Consórcio Nordeste, em 2019, como um instrumento jurídico, político e econômico de integração da região é um momento decisivo nesse sentido. Formado por nove das vinte e sete unidades da federação brasileira – como a própria entidade faz questão de assinalar – o Consórcio tem como objetivos principais: promover a integração regional por meio da articulação e implementação de políticas públicas; ampliar e modernizar a infraestrutura de exploração dos recursos naturais da região, atraindo investimentos internos e externos; modernizar a gestão dos Estados Membros e buscar parcerias com o setor privado e, entre outros, promover o desenvolvimento sustentável, “respeitando o meio ambiente e a democracia”. As adversidades vividas durante o governo Bolsonaro (2019-2022) parecem ter sido transformadas em capital social e político, haja vista o protagonismo na linha de frente do recém-iniciado terceiro governo Luís Inácio Lula da Silva de ex-governadores do Nordeste, como Rui Costa (PT), da Bahia; Flávio Dino (PSB), do Maranhão; Camilo Santana (PT), do Ceará; Wellington Dias (PT), do Piauí; e Renan Filho (MDB), de Alagoas.

Quais são as bases sociais desses conflitos e novos arranjos institucionais, políticos e econômicos? Como entender o lugar do Nordeste no contexto político contemporâneo? Quais suas implicações para o debate sobre região e nação no mundo globalizado?

Trabalhos importantes sobre região e nação, como os de Elide Rugai Bastos (2006, 2011), Nísia Trindade Lima (1999) e Mariana Chaguri (2014), por exemplo, têm mostrado que a presença recorrente do tema no pensamento social brasileiro se explica pelo fato das nem sempre harmônicas relações entre região e nação terem, nos momentos de crise, alterado os rumos políticos do país como um todo. Mostram também que, vista no pensamento brasileiro como componente da questão nacional, a região ganha dimensões políticas importantes por estar fortemente vinculada à elaboração do(s) projeto(s) nacional(ais). A questão da distribuição desigual de bens entre as regiões e os componentes da população brasileira é certamente um dos temas mais candentes. Como observou Elide Rugai Bastos (2011) num balanço sistemático sobre o tema: “Não se trata simplesmente da média População/PNB – produto nacional bruto – mas da desigualdade de acesso à educação, à saúde, à moradia, ao transporte, aos bens culturais, aos direitos de cidadania, à representação política para a própria formulação dos problemas. Mesmo assim, é possível perceber que a reflexão sobre as relações região-nação é a porta de entrada para desnudar um vasto quadro de questões sociais”.

Discutir região e nação no início da segunda década do século XXI, ademais, necessariamente nos leva ao tema mais amplo da “crise” do Estado-nação como forma típica de comunidade política da modernidade. Analisando o que chama de desacoplamento entre Estado e nação, Klaus Eder (2003) aponta que, no mundo contemporâneo, estaria ocorrendo uma dissociação entre as estruturas sistêmicas que governam a reprodução da dominação política e econômica, acima e abaixo do âmbito nacional, de um lado, e as estruturas geradoras de identidades culturais, de sentimentos de pertencer e de entusiasmos coletivos, de outro. Ou seja, no contexto de desacoplamento entre nação e Estado, paralelamente às identidades nacionais, surgem novas identidades coletivas, não apenas transnacionais como também subnacionais. Assim, é importante repensar a questão região e nação a partir do Nordeste contemporâneo considerando também as novas dinâmicas sociais de mobilização de identidades coletivas.

Aprendizado da democracia? 

O quadro teórico do problema que estamos levantando se define a partir de um tema clássico da sociologia política: as relações entre comunidade e democracia. A análise de outros casos nacionais nos ajudará a desenvolver uma abordagem comparativa mais fina, a exemplo do que se realiza nos clássicos Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna, de Robert D. Putnam, e Origens sociais da ditadura e da democracia, de Barrington Moore Jr. Queremos destacar, no caso do Nordeste, a discussão sobre estrutura agrária, participação social e mudanças sociais e políticas. É possível pensar um percurso (não linear e inacabado) que liga a emergência da questão social (face à estrutura agrária vigente) à participação social que acaba por alterar politicamente a sociedade?

Noutras palavras, queremos entender se e como, na longa duração e visto em termos macrossociológicos, se forjou um processo social de aprendizado social da democracia que envolveu três momentos decisivos: no primeiro, opera-se a construção social de inteligibilidade da “injustiça” diante de situações como a seca, a fome, as migrações e a violência, que receberão progressivamente novas interpretações; num segundo momento, como faces da questão social, que passam a ser objeto de conflitos entre diferentes setores da sociedade e do Estado. E é com base, em grande medida, nessa experiência – que também pode ser caracterizada como um aprendizado social do conflito pela terra –, que num terceiro momento, no presente, a participação social não apenas se adensa, mas ganha condições tangíveis de alterar o cotidiano da política no Nordeste.

Desde as Ligas camponesas, passando por outras formas de luta pela terra no Nordeste, até as inovações institucionais e políticas públicas que vão ganhar corpo com governos de centro-esquerda, como especialmente as experiências de orçamento participativo, vai se formando um aprendizado social da cidadania e da democracia que, a nosso ver, se coloca na base das relações políticas contemporâneas. Nesse processo, em meio às contendas dos atores e grupos sociais, formas de ação, mas também de narrativas, perdem e ganham eficácia, assim como se alteram os modos de sensibilização e reconhecimento diante dos problemas sociais. E apesar do aprendizado social envolvido, nem sempre resultam em mudanças na sociedade, pois dependem sempre de portadores sociais e das relações estabelecidas entre eles para se efetivarem ou não como forças sociais reflexivas (Botelho, 2002; Botelho e Hoelz, 2022).

Sociologia política do Nordeste

Este permanece sendo o pano de fundo de parte das minhas preocupações intelectuais atuais que, espero, começarão a ganhar forma neste próximo semestre em estudos, disciplinas, pesquisa e orientação acadêmica. Nesse quadro, a disciplina Sociologia III (ver programa adiante) que ministrarei com Karim Helayel e Rennan Pimentel neste primeiro semestre de 2023 é um primeiro e decisivo passo. Faremos uma sociologia política do Nordeste com o recorte histórico no século XX e início do XXI, o período de modernização e de grandes movimentos migratórios e sociais na sociedade brasileira e nordestina. Do ponto de vista da temática, a disciplina aborda justamente a problemática que articula estrutura agrária, participação social e mudanças sociais e políticas como componentes de um possível aprendizado social da democracia.

A disciplina está organizada da seguinte forma:

1º modulo: Nordeste: comunidade e democracia

14/04 – Região e nação

Bastos, Elide Rugai. “Região e nação”. In: Botelho, André & Schwarcz, Lilia Moritz. (Orgs.). Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

Chaguri, Mariana. “O Norte e o Sul: região e regionalismo em meados do século XX”. Sociologia & Antropologia. v. 4, n.1, p. 185-206, 2014.

Eder, Klaus. “Identidades coletivas e mobilização de identidades”. Revista Brasileira de Ciências Sociais .18 n.53 São Paulo out. 2003.

21/04 – Feriado.

28/04 – Comunidade e democracia

Putnam, Robert D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro, Editora FGV, 1996.

Moore Jr. Barrington. “A guerra civil americana: a última revolução capitalista”. In: Origens sociais da ditadura e da democracia. Senhores e camponeses na construção do mundo moderno. São Paulo: Martins Fontes, 1983.

2º modulo: A construção social da injustiça

05/05 – Sertão, litoral e guerra

Cunha, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Penguin & Companhia das Letras: 2019.

12/05 – Outra modernidade?

Freyre, Gilberto. Nordeste. Rio de Janeiro: José Olympio, 1937. 

19/05 – Capitalismo agreste

Ramos, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2003.

3º modulo: A questão social ganha forma

26/05 – Seca, fome

Castro, Josué de. Geografia da fome. São Paulo: Todavia, 2022.

Furtado, Celso. “A Operação Nordeste”. In: O Nordeste e a saga da Sudene (1958-1964). Rio de Janeiro: Contraponto, 2009.

02/06 – Cerca, Reforma agrária

Duarte, Nestor. Reforma agrária. Rio de Janeiro: 1953.

09/06 –  Feriado

16/06 – Modernização e trabalho

Costa Pinto, Luís de Aguiar. Recôncavo: laboratório de uma experiência humana. Rio de Janeiro: CLAPCS, 1958.

Oliveira, Roberto Véras de et. All. “A formação de um regime de trabalho desigual no Nordeste”. In: Oliveira, Roberto Véras de & Rodgers, Gerry. (Orgs.). Desenvolvimento e Regime de Trabalho: a trajetória do Nordeste no Brasil. São Paulo: Annablume, 2021.   

23/06 – Violência e solidariedade

Queiroz, Maria Isaura Pereira de. “Jagunços”. In: O mandonismo local na vida política brasileira e outros ensaios. São Paulo, Fundação do Instituto de Estudos Brasileiros, 1969.

_____. “Política, Ascensão Social e Liderança num Povoado Bahiano”. In: O campesinato brasileiro: ensaios sobre civilização e grupos rústicos no Brasil. Petrópolis: Ed. Vozes, 1976. 

4º modulo: A participação social altera a política

30/06 – Ação coletiva

Bastos, Elide Rugai. As ligas camponesas. Petrópolis: Vozes, 1983

07/07 – O aprendizado social do conflito pela terra

Carvalho, Lucas Correia. “Do bom uso do saber: campesinato e questão agrária na obra de Moacir Palmeira”. Sociologia & Antropologia. v. 12. 01: 139-164, 2022.  

Palmeira, Moacir. “Nordeste: violência e política no século XX”. Revista de Ciências Sociais, vol. 37, n. 1, 2006.

Sigaud, Lygia. “Luta política e luta pela terra no nordeste”. Dados, vol. 26, n.1, p.77-95, 1983.

14/07 – Orçamento participativo: o novo

Avritzer, Leonardo. (Org). A participação social no Nordeste. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.  

21/07 – Migrações e evangélicos: novo, velho?

Fusco, Wilson. “Regiões metropolitanas do Nordeste: origens, destinos e retornos de migrantes”. Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana. Ano XX, n.39, pp.101-116, 2012.

Lopes Jr., Orivaldo P. “A conversão ao protestantismo no Nordeste do Brasil”. Lusotopie 1999, pp. 291-308

Mariano, Ricardo. “Ativismo político de evangélicos conservadores rumo à extrema direita”. In: Magna, Inácio; Oliveira, Vanessa Elias de. (Orgs.). Democracia e eleições no Brasil: para onde vamos?. São Paulo: Hucitec, 2022.

A Série Nordeste no Blog da BVPS

O convite do colega e amigo Maurício Hoelz, professor da UFRRJ e editor responsável deste Blog da BVPS, para desenvolvermos uma espécie de auto-observação dos primeiros passos dessa possível nova frente de pesquisa que se abre com a disciplina na graduação do IFCS/UFRJ é muito instigante. Agradeço a ele e a todo o pessoal do Blog a oportunidade desse experimento que, além de nos levar a meta-reflexões sobre os conteúdos pedagógicos da disciplina e dos procedimentos iniciais de pesquisa e orientação, permite um acompanhamento reflexivo do processo de criação intelectual, um work in progress e também um making of. Um experimento que tem tudo a ver com a iniciativa voltada à inovação da comunicação pública das ciências sociais, artes e humanidades como é a BVPS e seu Blog, portanto.

Contaremos também com a participação de outros colegas e estudantes na série. Além de Karim Helayel e Rennan Pimentel, que estarão na disciplina, já posso adiantar algumas participações especiais, como a do próprio Maurício Hoelz; de Lucas Carvalho, professor da UFF e especialista em teoria e história da sociologia rural brasileira; de Rodrigo Jorge, crítico e professor de literatura na EBA/UFRJ, e de Lucas van Hombeeck, doutorando em sociologia do PPGSA/UFRJ. Eles têm sido interlocutores importantes na montagem da disciplina e nas questões que ela levanta. Elisa Reis teve a gentileza de, ao ler o programa da disciplina, sugerir, com toda a razão, a inclusão de Robert Putnam na bibliografia obrigatória para introduzir uma perspectiva comparada desde o início do curso. Tive a oportunidade de, nas últimas semanas, compartilhar uma viagem a Alagoas com Elide Rugai Bastos, grande especialista nos temas que trago para discussão na disciplina e na série. Foi uma imersão intelectual e sentimental no Nordeste, nas suas pesquisas e na nossa longa amizade que, enfim, acabou por conferir sentido a todo este projeto.

No que consistirá a “Série Nordeste” aqui no Blog da BVPS? A princípio, a proposta é trazer semanalmente resumos das aulas com base nos respectivos temas e textos indicados para a leitura no programa. Compartilharemos, assim, linhas gerais dos conteúdos pedagógicos da disciplina que poderão ser acompanhados pelos estudantes e pelos leitores em geral do Blog, se desejarem. Mas, como se trata de um experimento em processo e em aberto, queremos trazer também, além de dicas de leituras, filmes e exposições sobre o tema, textos e comentários de outros colegas que ajudem a delinear e a construir o campo problemático que construiremos juntos em sala de aula e aqui no Blog da BVPS. [1]

Notas

[1] Aos estudantes, em particular, recomendo a ocupação “Sociologia Política” feita por Rennan Pimentel nas redes sociais da BVPS, em 2022, pois ela contém um vocabulário básico e uma gramática dos problemas gerais da disciplina.

Referências

BASTOS, Elide Rugai. (2011). Região e nação. In: BOTELHO, André & SCHWARCZ, Lilia Moritz. (Orgs.). Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras.

BOTELHO, André. (2002). Aprendizado do Brasil. A nação em busca de seus portadores sociais. Campinas: Editora da Unicamp.

BOTELHO, André. (2019). O retorno da sociedade. Política e interpretações do Brasil. Petrópolis: Vozes.

BOTELHO, André & HOELZ, Maurício. (2022). O Modernismo como movimento cultural. Mário de Andrade, um aprendizado. Petrópolis: Vozes.

CHAGURI, Mariana. (2014). O Norte e o Sul: região e regionalismo em meados do século XX. Sociologia & Antropologia. v. 4, n. 1, p. 185-206.

EDER, Klaus. (2001). As sociedades aprendem, mas o mundo é difícil de mudar. Lua Nova, n. 53, pp. 5-29.

EDER, Klaus. (2003). Identidades coletivas e mobilização de identidades. Revista Brasileira de Ciências Sociais. v. 18, n. 53.

LIMA, Nísia Trindade. (2013). Um sertão chamado Brasil. 2ª edição. São Paulo: Hucitec.

MOORE, JR. Barrignton. (1983). A guerra civil americana: a última revolução capitalista. In: Origens sociais da ditadura e da democracia. Senhores e camponeses na construção do mundo moderno. São Paulo: Martins Fontes.

PUTNAM, Robert D. (1993). Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro: Editora FGV.

Imagem: Joana Lavôr, colagem da série Dei Normani, Sicília. Para a disciplina/série Blog da BVPS Nordeste Autopoiesis.

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