
O Blog da BVPS publica nesta semana, de terça a sexta-feira, a série “A sociologia como o quê?”. A série é resultado de uma mesa virtual realizada dentro da programação do arco Cultura&Conflito das “Segundas-feiras na Anpocs” no dia 11 de junho de 2022, quando então, no curto prazo, se projetavam eleições nacionais que poderiam ser um ponto de não retorno para a democracia brasileira. Essa mesa especial reuniu a socióloga Elide Rugai Bastos e os sociólogos Gabriel Cohn e Jacob Carlos Lima, atual presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), com o intuito de discutir criticamente as tarefas prementes da Sociologia e a sociedade brasileira num momento em que esta tanto precisa daquela, afinal, é na crise que os sociólogos temos mais a dizer.
No post de hoje, publicamos o texto “A Sociologia como afirmação, interrogação e resistência”, de Jacob Carlos Lima. Para saber mais sobre a série, confira os posts anteriores, clicando aqui e aqui.
Boa leitura!
A Sociologia como afirmação, interrogação e resistência | Segundas-feiras na Anpocs
Por Jacob Carlos Lima (UFSCar/SBS)
Gostaria de agradecer o convite para participar desta edição das “Segundas-feiras na ANPOCS” debatendo a questão “A sociologia como o quê?”, e declarar que me sinto muito honrado em dividir esse espaço com o professor Gabriel Cohn e com a professora Elide Rugai, dos quais me considero eterno aluno.
Esse convite me remeteu às comemorações dos 70 anos da Sociedade Brasileira de Sociologia (83 se contarmos que ela é um desdobramento da Sociedade Paulista de Sociologia fundada em 1937), em seu 20° Congresso, realizado virtualmente em 2021, e a mesa redonda que organizamos para recuperar essa trajetória, que contou com a presença de ex-presidentes da SBS.
Vejo a mesa de hoje como uma continuidade das comemorações, destacando dois marcos históricos desse período que constituíram o mote para a discussão. Primeiro, a fala de Florestan Fernandes (2021) na abertura do 2° Congresso Brasileiro de Sociologia, realizado em Belo Horizonte em 1962, intitulada “A sociologia como afirmação”, discutindo a necessidade de garantir as condições objetivas para a pesquisa e a atuação do profissional em sociologia, em um contexto de intensos debates sobre os rumos da sociedade brasileira e das ameaças obscurantistas que a ameaçavam – confirmadas dois anos após, com o golpe civil-militar de 1964. Segundo, a fala de Gabriel Cohn (2003), na reorganização da SBS 25 anos depois, em 1987 em Brasília, no 3° Congresso da SBS, “A Sociologia como interrogação”, destacando os desafios impostos à sociologia num contexto de expansão do campo e da redemocratização do país e a necessidade de avançar teoricamente, problematizando as novas questões surgidas no período de interrupção das atividades da associação durante a ditadura. Ambos, enquanto presidentes da SBS, organizaram congressos que buscavam debater os dilemas da sociologia brasileira, tentando consolidar a SBS enquanto associação científica que a representasse.
Somaria a estas duas falas, uma terceira, da professora Maria Stela Grossi Porto, primeira mulher na presidência da SBS, em nosso 20° Congresso de 2021, em um contexto de profunda crise política, econômica e sanitária, com a pandemia da Covid-19. A mesa redonda discutiu os avanços organizativos da SBS que acompanhou a consolidação da disciplina entre nós, assim como as ameaças e retrocessos políticos, econômicos e culturais que assistimos nestes últimos anos. Maria Stela Grossi Porto, dialogando com Florestan Fernandes e Gabriel Cohn, incluiu mais um desafio, entender “A sociologia como resistência”, como forma de enfrentarmos a barbárie que vem se apossando do nosso país, num contexto social, político, econômico e cultural que não se limita as nossas fronteiras, mas que possui características globais.
Nestas três falas, passamos, no Brasil, por distintos momentos: a) pela euforia das propostas de reformas de base do início dos anos 1960, a questão do subdesenvolvimento e de sua superação, as possibilidades oriundas do desenvolvimento científico e tecnológico e as ameaças de retrocesso político que pairavam no horizonte; b) as esperanças da redemocratização pós-1985, a modernização conservadora implementada no período 1964-1985, e a expansão e consolidação da pós-graduação e pesquisa entre nós; c) por fim, o profundo retrocesso político, social e cultural, com o ressurgimento das tendências políticas autoritárias, do desmonte do Estado e das políticas sociais; do combate à ciência, à cultura e à educação.
Atravessamos uma fase regressiva presente nas sociedades humanas e que integra a perspectiva evolucionista presente na sociologia em suas diversas interpretações. Elias (2006) nos fornece o conceito de descivilização para explicar processos sociais de declínios, que resultaram em rupturas regressivas, como a ascensão do nazismo na Alemanha. Acredito que estamos em um desses momentos de declínio, após 35 de refrigério democrático.
Tendo como referência esses três momentos e como guia a estruturação do texto de Fernandes, discutirei a permanência e atualidade de algumas das questões postas 60 anos atrás, em 1962, assim como os dilemas do fazer sociológico entre nós desde então, diante da “complexidade desconcertante da Sociologia” referida por Cohn em 1987, e chegando as ameaças do presente. Esse caminho nos permite discutir a questão “a sociologia como o quê?”, e em que medida é necessário adjetivá-la mais, já que os três adjetivos, discutidos em momentos históricos distintos, permanecem pertinentes e respondem grande parte da questão: afirmação, interrogação e resistência.
Acompanharei os quatro tópicos destacados no texto de Florestan: 1) ciência e civilização; 2) o ensino e pesquisa em sociologia; 3) os alvos centrais da explicação sociológica; 4) os papéis intelectuais dos sociólogos; e acrescentarei um, desdobrando o último item, 5) os dilemas da comunicação sociológica.
1. Fernandes inicia sua fala com a constatação de que a sociologia não poderia vingar onde a ciência é repelida. Questionava a luta contra o obscurantismo presente em círculos sociais onde qualquer mudança se limitaria aos seus interesses e isso indicaria um padrão civilizatório a ser superado. O obscurantismo referido, embora marcado temporalmente, parece ser uma constante em nossa história republicana, que se caracteriza por mudanças cosméticas que não alteram as estruturas de dominação. A modernização do Estado, ampliada pelos militares, garantiu a permanência dos interesses de nossas classes e elites políticas e econômicas, reproduzidas, utilizando Althusser (1974), pelos aparelhos ideológicos e repressivos do Estado, profundamente enraizados em nossa sociedade com o objetivo de manter tudo como sempre esteve. Um exemplo: se fizermos um levantamento dos integrantes do poder judiciário, legislativo e dos militares, encontraremos famílias que se mantêm por gerações nas instituições estatais desde pelo menos o século XIX. Reproduziu-se certo liberalismo econômico de fachada, com hiatos no qual o Estado assume maior protagonismo, que bloqueia qualquer mudança mais estrutural que afete o sistema de dominação; um reacionarismo cultural que se impõe à sociedade em nome da tradição, família e propriedade pelas chamadas instituições da sociedade civil, com as bênçãos das igrejas que garantem que as almas não se desviem do caminho certo. O ideal republicano não foi incorporado pelas instituições da nossa sociedade, bastando ver como se comportam os poderes constituídos e suas corporações, fardadas ou não. Estes anos de democracia formal foram insuficientes para alterar esse quadro, fazendo que, como Florestan, questionemos a evolução progressiva do gênero humano em direção à racionalidade.
O avanço das condições materiais para o desenvolvimento científico não foi feito sem sobressaltos nesse período, com momentos de expansão e retração do financiamento público à educação e à pesquisa, ao sabor dos governos de plantão e suas preocupações com soberania e autodeterminação, que nunca foram muito convictos.
A sociologia se expandiu, paradoxalmente, durante o regime militar, decorrente da então preocupação (agora inexistente) com uma certa autonomia científica e tecnológica, vista como estratégica pelos militares. A CAPES, o CNPq e a FINEP (sem falar das FAPs a partir dos anos 2000) se expandiram como agências de fomento para a formação e pesquisa, e foi criado o sistema de pós-graduação e de universidades federais. Tudo isso ao lado da repressão política e da abertura da educação ao ensino privado. O sistema de pós-graduação foi organizado tendo a pesquisa como âncora e a universidade pública como lócus principal. Esse quadro se ampliou e se consolidou com a democratização: foi construída uma infraestrutura de pesquisa que permitiu o avanço do conhecimento científico e da formação de profissionais qualificados; bolsas e auxílios de pesquisas foram implementados no desenvolvimento das diversas áreas do conhecimento.
Nestes últimos anos (de 2016 para cá), assistimos um processo involutivo. O acirramento do combate ao conhecimento científico e à inovação tecnológica, com o contínuo corte de verbas que os inviabiliza, nos mantêm na condição semicolonial de dependência. Afinal, se compramos a tecnologia pronta, para que, então, gastar com isso? O obscurantismo retorna revigorado atuando contra as instituições culturais, universidades públicas e órgãos estatais voltados à defesa de populações vulneráveis e ao meio ambiente. É a volta do inimigo interno a ser combatido, a luta do bem contra o mal, que é o próprio povo. A ignorância se tornou um valor enaltecido, com resultados catastróficos na pandemia, com retrocessos na saúde pública e na educação.
2. O ensino e pesquisa em sociologia cresceram quanti e qualitativamente: formamos milhares de especialistas, mestres e doutores, e nos integramos internacionalmente no debate mundial da disciplina. Mas alguns problemas permaneceram, tal como apontado por Florestan: “poucos jovens aptos para a carreira científica na sociologia chegam aos cursos de ciências sociais e os concluem. E, o que é pior, só por acaso eles são aproveitados produtivamente, ao terminarem os cursos”. As bolsas e auxílios não acompanharam a expansão da demanda. Embora o mercado para os profissionais de sociologia tenha crescido nestas últimas décadas, fora da academia e do ensino médio, ainda temos poucas informações sobre a destinação daqueles profissionais formados e que permanecem na área, uma vez que raramente são contratados como sociólogos, mas sim como pesquisadores, técnicos e funções análogas. Com isso, a área se configura majoritariamente acadêmica, acompanhando desenvolvimento similar em países do chamado Norte global, embora incorpore apenas 5% dos formados, aproximadamente. Se incluirmos os professores do ensino médio com a licenciatura em sociologia esse número aumenta, mas não passa de 15%. Na pós-graduação, embora mestres e doutores tenham melhores condições de inserção no mercado, essa inserção tem sido cada vez mais precária, predominando contratos temporários, por projetos ou consultorias enquanto PJ.
Outra questão levantada por Florestan, que continua na ordem do dia, é a necessidade de reformulação do ensino em ciências sociais. Em 1962, Florestan propunha mudanças radicais no ensino de ciências sociais, dando maior “amplitude, plasticidade e objetividade a formação teórica básica”, dos procedimentos lógicos e teóricos, do método científico, do desenvolver maiores habilidades nas técnicas de investigação e análise de interpretação de dados. A partir dessa afirmação, propunha como deveria ser a formação do pesquisador em Sociologia e em que momento determinados conhecimentos teóricos e técnicos deveriam ser implementados, destacando a importância da pós-graduação para completar essa formação.
Essa preocupação sobre o curso de ciências sociais vem desde a década de 1950, onde o próprio Florestan (1976[1956]) apontava a necessidade das condições objetivas para seu desenvolvimento e as resistências dos setores conservadores a essas propostas. Costa Pinto e Carneiro (1955) fizeram um estudo para a Capes em 1954 sobre o então estado das ciências sociais no país, e discutiram a expansão do ensino e da pesquisa em ciências sociais e sua crise naquele momento: o mercado de trabalho restrito e a baixa procura desses cursos. Como solução propunham um “ciclo básico” de três anos, juntando Economia e as disciplinas de ciências sociais, e mais dois ou três anos de especialização. Solução atendida em parte com as ênfases na graduação e mesmo experiências com ciclo básico e posterior especialização na disciplina em algumas Universidades Federais criadas na última década.
Essa discussão permanece, embora secundarizada, a partir de um resultado “latente”, no sentido mertoniano, das políticas voltadas à pesquisa: a valorização excessiva da pós-graduação em contraposição à graduação, da pesquisa frente ao ensino. O acesso a verbas e bolsas de pesquisas estão fortemente vinculadas à pós-graduação, tornando-a prioridade na carreira docente, deixando de lado, em grande medida, o ensino de graduação que pouco “pontua” na disputa por financiamentos.
3. Ao se referir aos campos de investigação, Florestan destaca a importância de se privilegiar temas que contribuam para o desenvolvimento teórico da sociologia, o que significa considerar desde as contribuições modestas até as mais avançadas, uma vez que dependem do afluxo contínuo de recursos materiais e humanos. Mantêm restrições à expansão das diversas sociologias e seus respectivos campos, dado o desenvolvimento, naquele momento, da investigação sociológica no país. Cohn, destacando o panorama da sociologia 25 anos depois, constatava a complexidade evidenciada pelo desenvolvimento da disciplina, e não apenas entre nós. E deixava interrogações de como enfrentar essa complexidade e diversidade, se aplaudi-la, deplorá-la ou buscar uma unidade abrangente que teria havido anteriormente, ou mesmo buscar uma nova síntese. Passados 60 anos, essa complexidade e diversidade cresceu ainda mais e, longe de questionar a sociologia enquanto disciplina, podemos falar em sociologias, tendo em vista as novas frentes de atuação que acompanham as mudanças sociais, renovando-se constantemente e dinamizando a reflexão científica. Durkheim corrobora essa afirmação ao destacar que a “sociologia é uma ciência una que não deixa de compreender uma pluralidade de questões e, por conseguinte, de ciências particulares(…)” e que haveria tantos ramos da sociologia e tantas ciências sociais particulares quanto as diferentes espécies de fatos sociais.
4. A discussão dos papéis intelectuais do sociólogo tem acompanhado a sociologia desde o início e continua, entre outros autores, com as proposições de Bourdieu (1983) sobre os intelectuais e a mídia e as de Buroway (2006) reivindicando uma sociologia pública voltada a públicos extra-acadêmicos, sem em nenhum momento abandonar sua cientificidade. Florestan participou desse debate mostrando a necessidade do sociólogo se envolver politicamente na defesa da sociologia e colocando seus conhecimentos a favor da mudança social, não apenas produzindo conhecimentos, mas também atuando sobre a realidade social. Enquanto cidadão, o sociólogo não escapa dos embates ideológicos do seu tempo, sendo que é importante evidenciar onde se situa nesse embate.
5. Isso nos remete aos dilemas da comunicação sociológica e a dificuldade de socializar os conhecimentos produzidos. É um desafio da sociologia desde seu início, na tentativa de se afirmar enquanto ciência social: demonstrar sua pertinência e utilidade. Não apenas de forma utilitária, de aplicação imediata, mas a própria cientificidade da sociologia, confundida com ideologia e senso comum.
Ao explicitar a existência de regularidades sociais, das determinações sociais nos comportamentos individuais, do funcionamento das estruturas e processos sociais, a sociologia provoca resistências (Dubet, 2016). Assistimos de tempos em tempos campanhas contra a sociologia e seu caráter pretensamente “subversivo”. Aqui entre nós, já tivemos a cassação e exílio de profissionais; mais recentemente, acusações sobre marxismo cultural, ideologia de gênero e que o estado não deveria gastar dinheiro com sociologia; que a sociologia recebe mais verbas do que as ciências mais “úteis” – situação similar é discutida por Lahire (2016) ao se referir à França de Sarkozy; demissão de professores na linha “escola sem partido”; eliminação da disciplina como obrigatória no ensino médio; que a sociologia tem baixa produção nacional e internacional, além de outros ataques.
Por mais que esses ataques sejam conhecidos e recorrentes, sempre que acontecem criam na comunidade sociológica uma preocupação com a invisibilidade da produção sociológica, em mostrar utilidade, por mais que o Brasil tenha hoje uma sociologia robusta com presença em todo território nacional e destaque internacional medido, entre outras formas, pela participação de nossos pesquisadores em associações internacionais, na liderança de grupos e nos congressos da ISA e da ALAS, bem como nos encontros temáticos e no volume de suas publicações. Nacionalmente, pela dimensão dos congressos da SBS, dos encontros do ENESB voltados à educação básica, da participação na ANPOCS, nos encontros interdisciplinares etc. Além da relação que estabelece com o grande público, onde as discussões e conceitos sociológicos terminam sendo incorporados por outras áreas, e mesmo no cotidiano, criando uma situação circular na qual o senso comum é o substrato do conhecimento sociológico, que, por sua vez, volta e é incorporado à linguagem corrente.
Apesar disso, as dificuldades de comunicação permanecem. Grande parte dos alunos que optam por cursar ciências sociais não tem ideia do que se trata. Aprendem durante o curso e se aproximam das disciplinas que o integram, ou desistem. Na população acontece o mesmo de forma potencializada, sem clareza sobre o que é a sociologia e para que serve. Isso mesmo com os praticamente 90 anos de funcionamento do primeiro curso no país.
Talvez o problema não esteja apenas na sociologia, mas na universidade brasileira que se mantém distanciada da sociedade. Vivo numa cidade média com duas grandes universidades públicas. Um projeto dos alunos para divulgar os cursos das universidades constatou, há algum tempo atrás, que parte dos alunos das escolas públicas não sabiam que podiam entrar nessas universidades e nem mesmo que eram gratuitas.
Recuperando Fernandes (2021, p. 288), “o sociólogo ainda se defronta com as limitações decorrentes do horizonte cultural predominante e com outro obstáculo pior, que é a inexistência de canais sociais que regulem automaticamente o aproveitamento de sua colaboração” seja no Estado, nas empresas e nas organizações da sociedade civil. Horizonte este que abarca a sociedade como um todo e que explica este momento de regressão política, social e cultural pelo qual passamos, ou esse processo descivilizatório.
Para concluir, reúno os três autores que me inspiraram nesta fala – Fernandes, Cohn e Grossi Porto – que permitem responder, mesmo que ainda de forma parcial, a indagação “A sociologia como o quê?”
A sociologia como afirmação permanece frente as inúmeras crises que enfrenta, internamente em sua reflexividade e externamente em seus modos operandi na sociedade brasileira, na qual a racionalidade científica encontra barreiras contínuas e constantemente renovadas. A sociologia como interrogação permanente, seu autoquestionamento e o caráter crítico que a constitui e a mantém aberta a novos desafios. A sociologia como resistência, ao desmascarar o poder e seus instrumentos de dominação.
Nos últimos anos vivemos numa perplexidade. Considerávamos que o processo civilizatório em direção a uma maior racionalidade na sociedade brasileira, suas instituições, as políticas de inclusão social, entre outros avanços políticos, sociais e econômicos, pareciam impossíveis de serem revertidos. Os acontecimentos recentes mostraram a rapidez como se destrói um país e suas instituições. A eliminação de direitos sociais conquistados, que levaram décadas para serem construídos e consolidados, evidenciam um processo involutivo, retrógrado e reacionário.
O momento agora é pensar em reconstrução, e a sociologia nos instrumentaliza para atuar nesse processo. Como afirmação, interrogação, resistência e, mais ainda, retomando Fernandes, como contestação: a ciência e tecnologia são forças culturais revolucionárias e a imaginação sociológica deve contribuir no questionamento permanente de uma ordem social injusta e excludente, visando sua superação.
Referências:
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BOURDIEU, Pierre. (1983). Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero.
BURAWOY, Michael., 2006. Por uma Sociologia Pública. Política & Trabalho, p. 9-49.
COHN, Gabriel. (2003). A Sociologia como interrogação. In: A Sociologia no tempo: memória, imaginação e utopia. São Paulo: Cortez Editores, p. 83-87.
DUBET, François. (2015). Para que sirve realmente un sociólogo?. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores.
ELIAS, Nobert. (2006). Escritos & Ensaios. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
FERNANDES, Florestan. (1976). A sociologia no Brasil. Petrópolis: Vozes.
FERNANDES, Florestan. (2021). A Sociologia como afirmação. Revista Brasileira de Sociologia, v. 9, n. 21, p. 260-293.
LAHIRE, Bernard. (2016). En defensa de la Sociología. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores.
PINTO, Luiz de Aguiar Costa. & CARNEIRO, Edson. (1955). As Ciências Sociais no Brasil. Rio de Janeiro: CAPES – série Estudos e Ensaios.
PORTO, Maria Stela Grossi. (2021). A Sociologia como resistência. Belém, online, p. 7.